30 de novembro de 2009

Na lista dos teus fins

Na lista dos teus fins, venho no fim
de uma página nunca publicada,
e é justo que assim seja.
Embora saiba mexer palavras,
e doer de frente,
e tenha esse talento conhecido
de acordar de manhã,
dormir à noite,
e ser, o dia todo, como gente,
nunca curei, como previa, a lepra,
nem decifrei o delicado enigma
da letra morta que nos antecede.
Por muito te querer, talvez pudesses
dar- me um lugar qualquer mais adiante,
despir- te de pudor por um instante
e deixá-lo cobrir-me como um manto.

António Franco Alexandre

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