20 de dezembro de 2010

Desordem Natural

Há uma nova ordem natural das coisas, ou talvez devesse chamar-lhe desordem. Foi o que dei por mim a pensar enquanto limpava a cara com leite hidratante, base, pó e sombras, eyeliner e rímel para aprofundar o olhar e outros truques que nos emprestam a aisance necessária para enfrentar o mundo.

Ele escovava os dentes e ambos olhávamos o outro ligeiramente de lado, como se quiséssemos passar desapercebidos.

- Os meus ovos estão a acabar, tu sabes?

- Eu sei querida, penso muitas vezes nisso.

Eu também, quase disse, mas depois calei-me e fomos deitar-nos. Claro que ele sabia. Há mais de quatro anos nisto, e a querer casar e ter filhos, e ele não.

Apagou a luz e ficámos os dois quietos, presos um no outro. E foi então que me disse que pensava muito no futuro, que às vezes ainda sonhava o futuro comigo, casa, filhos e férias juntos, uma família feliz, que já estivera muito mais perto de me pedir em casamento do que eu alguma vez suspeitara, mas o medo impedira-o sempre de avançar.

Em vez disso, marcava o território qual macho indeciso, e eu, muito parva, em vez de acender a luz e lhe perguntar: mas porque raio é que nunca o fizeste? Deixei-me estar quieta no escuro e respondi:

- Ainda bem, fico muito contente, afinal não estava maluca estes anos todos, afinal tu sempre gostaste de mim – e depois adormecemos mergulhados naquela paz triste e serena própria de quem perde a guerra porque não lhe apetece lutar a última batalha.

Nunca sabemos quando deixamos de amar alguém, o amor nunca morre, é como uma velha árvore que se vai desfazendo; os troncos ficam demasiados pesados e quebram, as folhas estalam e caem, é um processo muito lento, sobretudo quando não queremos deixar de amar.

Durante demasiado tempo eu pusera os meus ovos todos naquele cesto. Por obstinação, infantilidade, ou as duas coisas, aí guardei a minha ideia de futuro: os ovos do sonho, da esperança, da fertilidade. Mas o cesto estava vazio. E, do outro lado da realidade, o medo, ainda e sempre esse monstro cinzento igual à morte, apenas sem a ceifa erguida, que sempre o impedira de se atirar à vida e de ser feliz.

Dormi pouco, sobressaltada por imagens do meu futuro impossível. Era como se já o tivesse vivido sem nunca ter passado por ele. Crianças de cabelos aos caracóis com o riso igual ao meu, uma vida em comum, semelhante à dos comuns mortais da casa ao lado, da rua de cima, da cidade vizinha, quem sabe até de outros planetas, porque o amor é universal e a vontade de criar laços e de ter filhos atravessa todos os seres vivos.

Era muito cedo quando se levantou e me trouxe uma chávena de café antes de sair. Quis perguntar-lhe porquê, mas já não valia a pena pedir, explicar, insistir, chorar e rir, todos os verbos estavam gastos, e no entanto todos os gestos eram ainda e sempre tão belos.

Ele a pentear-me a franja para o lado com cuidado, a olhar para mim como se tivéssemos 10 anos e eu fosse a sua primeira namorada, e depois a ir-se embora devagar, como quem nunca quer partir, enfrentando a desordem e o caos que governam o mundo.

Fechei os olhos e adormeci de novo. Quando acordei, vi um embrulho enorme em cima da mesa-de-cabeceira. Era o cesto dos ovos. Estavam todos lá dentro, muito arrumados, de várias cores e tamanhos. Peguei no cesto e fui-me embora. Finalmente estava livre. Agora já podia ir até ao fim do mundo.

MRPinto

19 de dezembro de 2010

Um beijo...

Foste o beijo melhor da minha vida,
ou talvez o pior...Glória e tormento,
contigo à luz subi do firmamento,
contigo fui pela infernal descida!

Morreste, e o meu desejo não te olvida:
queimas-me o sangue, enches-me o pensamento,
e do teu gosto amargo me alimento,
e rolo-te na boca malferida.

Beijo extremo, meu prêmio e meu castigo,
batismo e extrema-unção, naquele instante
por que, feliz, eu não morri contigo?

Sinto-me o ardor, e o crepitar te escuto,
beijo divino! e anseio delirante,
na perpétua saudade de um minuto....


Olavo Bilac (poeta brasileiro)

29 de novembro de 2010

"O Céu pode esperar..."

Durante muito tempo pensei que não era assim, acreditava que a perfeição se pode cruzar com a realidade. Comprei uma escada muito alta, instalei-a no telhado, escolhi uma nuvem e iniciei uma missão impossível. Todos os dias vivi como podia, circunscrita à minha vida terrena que se ia esvaziando, enquanto à noite subia pela escada e me escondia em sonhos.

Deixei de viver neste mundo e estacionei numa realidade alternativa. A escada era imensa, íngreme e traiçoeira, dificílima de subir. E cada vez que era obrigada a descer à pressa ou me empurravam cá para baixo, vinha aos trambolhões, caía, magoava-me e, com a teimosia das crianças obstinadas voltava a subi-la.
Quanto tempo estive assim alienado do mundo? Alguns anos da minha vida, a tentar fazer equações com variáveis impossíveis de combinar. A escada levava a uma nuvem na qual não existia nada, apenas ar condensado, uma ilusão de algodão sem peso nem estrutura. Uma nuvem imensa feita de ilusões que pairava sobre o meu mundo, roubando-me o sol e ofuscando-me de todos os prazeres da vida. Vivia num labirinto, uma enorme armadilha que montara a mim próprio. Por causa da nuvem vivi situações intoleráveis, deixei-me enfraquecer, esperei e desesperei até não esperar mais nada…e perceber o quanto estava errada!

Há umas semanas apenas, como se despertasse de um transe, deitei fora a escada. Não quero subir para outra realidade quando me deixar levar outra vez por sentimentos perturbadores… Não quero ter de lutar para conquistar o afecto, nem o tempo, nem o amor de ninguém. Não quero correr atrás de nada. Quero uma pessoa ao meu lado, que me acompanhe num caminho feito de terra, com os pés bem assentes na realidade… (...)

Deitei fora a escada e voltei a ser quem era. E quando olho para o espelho, vejo outra vez aquela luz que tinha cá dentro a voltar, a brilhar com mais força. Afinal, nunca se tinha apagado. Estava cá, sempre esteve, precisava apenas de ser alimentada de uma energia real e não de sonhos e migalhas. Estou a voltar a mim. Devagar, com medo do mundo cá em baixo na terra, mas voltar agora é isso que importa.
Os amores platónicos servem para escrever livros, canções e os mais belos poemas de amor, mas tornam-se alérgicos à vida. Prefiro a terra, com cheiros, formas, cores e texturas. Prefiro sonhar com o mundo do que um mundo de sonhos. Prefiro estar cá em baixo, onde nasci, sem imaginar que tenho asas ou que o céu é para mim. Afinal, o céu pode esperar.

MRP

16 de setembro de 2010

Elogio ao Amor

Quero fazer o elogio do amor puro. Parece-me que já ninguém se apaixona de verdade. Já ninguém quer viver um amor impossível. Já ninguém aceita amar sem uma razão. Hoje as pessoas apaixonam-se por uma questão de prática. Porque dá jeito. Porque são colegas e estão ali mesmo ao lado. Porque se dão bem e não se chateiam muito. Porque faz sentido. Porque é mais barato, por causa da casa. Por causa da cama. Por causa das cuecas e das calças e das contas da lavandaria. Hoje em dia as pessoas fazem contratos pré-nupciais, discutem tudo de antemão, fazem planos e à mínima merdinha entram logo em "diálogo".O amor passou a ser passível de ser combinado. Os amantes tornaram-se sócios. Reúnem-se, discutem problemas, tomam decisões. O amor transformou-se numa variante psico-sócio-bio-ecológica de camaradagem. A paixão, que devia ser desmedida, é na medida do possível. O amor tornou-se uma questão prática. O resultado é que as pessoas, em vez de se apaixonarem de verdade, ficam "praticamente" apaixonadas. Eu quero fazer o elogio do amor puro, do amor cego, do amor estúpido, do amor doente, do único amor verdadeiro que há, estou farto de conversas, farto de compreensões, farto de conveniências de serviço. Nunca vi namorados tão embrutecidos, tão cobardes e tão comodistas como os de hoje. Incapazes de um gesto largo, de correr um risco, de um rasgo de ousadia, são uma raça de telefoneiros e capangas de cantina, malta do "tá tudo bem, tudo bem", tomadores de bicas, alcançadores de compromissos, bananóides, borra-botas, matadores do romance, romanticidas. Já ninguém se apaixona? Já ninguém aceita a paixão pura, a saudade sem fim, a tristeza, o desequilíbrio, o medo, o custo, o amor, a doença que é como um cancro a comer-nos o coração e que nos canta no peito ao mesmo tempo? O amor é uma coisa, a vida é outra. O amor não é para ser uma ajudinha. Não é para ser o alívio, o repouso, o intervalo, a pancadinha nas costas, a pausa que refresca, o pronto-socorro da tortuosa estrada da vida, o nosso "dá lá um jeitinho sentimental". Odeio esta mania contemporânea por sopas e descanso. Odeio os novos casalinhos. Para onde quer que se olhe, já não se vê romance, gritaria, maluquice, facada, abraços, flores. O amor fechou a loja. Foi trespassada ao pessoal da pantufa e da serenidade. Amor é amor. É essa beleza. É esse perigo. O nosso amor não é para nos compreender, não é para nos ajudar, não é para nos fazer felizes. Tanto pode como não pode. Tanto faz. É uma questão de azar. O nosso amor não é para nos amar, para nos levar de repente ao céu, a tempo ainda de apanhar um bocadinho de inferno aberto. O amor é uma coisa, a vida é outra. A vida às vezes mata o amor. A "vidinha" é uma convivência assassina. O amor puro não é um meio, não é um fim, não é um princípio, não é um destino. O amor puro é uma condição. Tem tanto a ver com a vida de cada um como o clima. O amor não se percebe. Não dá para perceber. O amor é um estado de quem se sente. O amor é a nossa alma. É a nossa alma a desatar. A desatar a correr atrás do que não sabe, não apanha, não larga, não compreende. O amor é uma verdade. É por isso que a ilusão é necessária. A ilusão é bonita, não faz mal. Que se invente e minta e sonhe o que quiser. O amor é uma coisa, a vida é outra. A realidade pode matar, o amor é mais bonito que a vida. A vida que se lixe. Num momento, num olhar, o coração apanha-se para sempre. Ama-se alguém. Por muito longe, por muito difícil, por muito desesperadamente. O coração guarda o que se nos escapa das mãos. E durante o dia e durante a vida, quando não esta lá quem se ama, não é ela que nos acompanha - é o nosso amor, o amor que se lhe tem. Não é para perceber. É sinal de amor puro não se perceber, amar e não se ter, querer e não guardar a esperança, doer sem ficar magoado, viver sozinho, triste, mas mais acompanhado de quem vive feliz. Não se pode ceder. Não se pode resistir. A vida é uma coisa, o amor é outra. A vida dura a vida inteira, o amor não. Só um mundo de amor pode durar a vida inteira. E valê-la também.

MEC

8 de setembro de 2010

Felicidade


"Ask most people what they want out of life and the answer is simple - to be happy. Maybe it's this expectation though of wanting to be happy that just keeps us from ever getting there."

29 de agosto de 2010

Ouvi dizer...

"... E ao que eu vejo
Tudo foi para ti
Uma estupida cancao que só eu ouvi
E eu fiquei com tanto para dar
E agora nao vais achar nada bem
Que eu pague a conta em raiva
(...)
A cidade esta deserta
E algum escreveu o teu nome em toda a parte
Nas casas, nos carros,
Nas pontes, nas ruas...
Em todo o lado essa palavra repetida ao expoente da loucura
Ora amarga, ora doce
Para nos lembrar que o amor uma doença
Quando nele julgamos ver a nossa cura"



22 de julho de 2010

I'm not taking you to dinner...


"I'm not taking you to dinner. I will take you to lunch. Saturday afternoon, in broad daylight. We'll eat in a public place, then maybe take a walk on a crowded street. We'll get to know each other, see if we have an interest in the same kind of future, because... I want to build a life... and a family... and I'm not wasting my time on somebody who doesn't share that interest."

Grey's Anatomy

27 de maio de 2010

Just a thought...


Follow what you know to be right, no matter how difficult - you will find opportunities down that road that you might miss on an easier path...

19 de abril de 2010

Stop all the clocks...

Stop all the clocks, cut off the telephone,
Prevent the dog from barking with a juicy bone,
Silence the pianos and with muffled drum
Bring out the coffin, let the mourners come.

Let aeroplanes circle moaning overhead
Scribbling on the sky the message He Is Dead,
Put crepe bows round the white necks of the public doves,
Let the traffic policemen wear black cotton gloves.

He was my North, my South, my East and West,
My working week and my Sunday rest,
My noon, my midnight, my talk, my song;
I thought that love would last for ever: I was wrong.

The stars are not wanted now: put out every one;
Pack up the moon and dismantle the sun;
Pour away the ocean and sweep up the wood.
For nothing now can ever come to any good.

W. H. Auden

5 de abril de 2010

Thirsty for the Marvelous


"I am an excitable person who only understands life lyrically, musically, in whom feelings are much stronger than reason. I am so thirsty for the marvelous that only the marvelous has power over me. Anything I can not transform into something marvelous, I let go. Reality doesn't impress me. I only believe in intoxication, in ecstasy, and when ordinary life shackles me, I escape, one way or another. No more walls." - Anais Nin

29 de março de 2010

Fazer da queda um passo de dança...


"De tudo ficaram três coisas:

A certeza de que estamos sempre começando...
A certeza de que é preciso continuar...
A certeza de que seremos interrompidos antes de terminar...

Portanto devemos
Fazer da interrupção um caminho novo
Da queda um passo de dança
Do medo, uma escada
Do sonho, uma ponte
Da procura... um encontro"

25 de março de 2010

In Tento Trio no Chá d'Arte & Rua FM

No Sábado passado fui até Loulé conhecer o tão falado “Chá D’Arte” e assistir a mais uma actuação do In Tento Trio.
Situado na cidade velha louletana, o espaço está decorado com imenso bom gosto e é bastante acolhedor. Um ambiente que quase nos dá a sensação de estarmos em Marrocos, complementado pela inúmera variedade de chás que oferece.
Como é óbvio, optei por um chá de menta e chocolate divinamente delicioso (não que a noite estivesse fria, muito pelo contrário, estava uma autêntica noite de Primavera). Ao paladar, juntou-se a audição e pude desfrutar de mais um concerto In Tento Trio. Uma hora e meia de concerto que passou num ápice, mas que de certeza, deixou muitos dos presentes com vontade de repetir.
Dois dias depois, o mesmo Trio Algarvio, apresentou-se ao vivo na RUA FM, para um concerto/entrevista, onde tocaram alguns inéditos (pelo menos, para mim), os quais gostaria imenso de ouvir nas próximas actuações. “Memórias” e “Confissões”… e ainda “Intentos” que já ouvi, mas que acho sensacional. Ficam aqui algumas sugestões, quem sabe para o alinhamento de Sábado, nos Artistas em Faro, onde o Trio voltará a apresentar-se ao vivo.

Próximas datas:
Março 27 2010 - 23:00 - Ciclo Artistas Jazz 2010 - Faro
Abril 1 2010 - 17:00 - Pontinha - Faro
Abril 2 2010 - 17:00 - Fnac, Algarve Shopping - Guia/Albufeira
Maio 7 2010 - 23:00 - Draculea Bar - Faro
Maio 8 2010 - 20:00 - Alte - Alte

14 de março de 2010

Tempo da Travessia


"Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já tem a forma do nosso corpo, e esquecer os nossos caminhos, que nos levam sempre aos mesmos lugares. É o tempo da travessia: e, se não ousarmos fazê-la, teremos ficado, para sempre, à margem de nós mesmos." - Fernando Pessoa

21 de fevereiro de 2010

The Sheltering Sky

"How many more times will you remember a certain afternoon of your childhood, some afternoon that's so deeply a part of your being that you can't even conceive of your life without it? Perhaps four or five times more. Perhaps not even that. How many more times will you watch the full moon rise? Perhaps twenty. And yet it all seems limitless." - Paul Bowles

14 de fevereiro de 2010

Because it's Valentine's...

"When I think of you and me and what we shared, I know it would be easy for others to dismiss our time together as simply a by-product of the days and nights we spent by the sea, a "fling" that, in the long run, would mean absolutely nothing. Thats why I don't tell people about us. They wouldn't understand, and I don't feel the need to explain, simply because I know in my heart how real it was... how real this is. When I think of you I cant help smiling, knowing that you've completed me somehow. I love you, not just for now, but for always, and I dream of the day that you'll take me in your arms again" - Nicolas Sparks - Dear John

12 de fevereiro de 2010

A caminho dos 30...

Ontem, 11 de Fevereiro de 2010, festejei os meus 29 anos... os últimos dos meus 20's.... Entrei em contagem decrescente para entrar nos 30... e já sinto o peso da idade...
Porém, ontem, num dia lindo de Sol... mimada e acarinhada por todos aqueles que demonstraram o quanto gostam de mim, senti-me diferente.
Digo diferente, porque o "peso não pesou", senti que é como que um renascer... que os melhores anos serão os que se avizinham e, finalmente tive esperança de que o futuro me irá trazer a tão ansiada "felicidade"!
Foi um dia extraordinário... e uma noite como há muito não passava... mais uma vez agradeço a todos que se lembraram de mim.
É sempre bom percebermos quem vem para ficar e quem apenas passou...
Esses, apenas tento "arrumar na caixa" e perceber que vieram, ensinaram-me o que tinham a ensinar e partiram... aos outros, sorrio e agradeço por tê-los sempre ao meu lado :)

9 de fevereiro de 2010

Fascinante


Das profundezas…
uma vibração se propagou.

O sangue parou de circular
Os pulmões entraram em colapso
A boca secou… o olhar petrificou…

Aquele som inundou
e apoderou-se de cada pedaço da carne e da alma.

E fecho os olhos
e volto àquele momento mágico.
Quase indescritível
em meras e singelas palavras.

Fascinante de ouvir…
Fascinante de olhar…
Fascinante de… sentir!

7 de fevereiro de 2010

Os Fihos do Albatroz

"Ele acordou livre, mas ela não.
O desejo dele tinha atinjido um fim, como um certeiro golpe de sabre que provoca o saber e não a morte.
Ela sentia-se impregenada.
Tinha mais dificuldade em mudar de posição, sem separar-se, em virar as costas.
O seu corpo esta cheio de retenções, resíduos, sentimentos.
Assim que acordava, ele entrava noutro mundo. Quanto mais tempo permanecia nas ondas revoltas e envolventes, maior era a sua energia para retomar a actividade.
(...)
Lilian acordava presa, como que carregada com a semente dele, perguntando-se quando é que ele se iria retirar dela por inteiro como uma planta que se arranca pela raíz, deixando uma fenda na terra." - Anais Nin

26 de janeiro de 2010

In Tento Trio

Fechar os olhos, parar o mundo lá fora e… sentir o que exala de dentro…
Um misto de êxtase e paz, que, como que em ciclos… percorre todo o corpo… cada órgão, cada célula…que penetra em cada poro…
É desta forma que a música dos In Tento Trio invade o meu corpo e apodera-se de todos os meus sentidos.


Conheço o projecto há relativamente pouco tempo, apesar o mesmo já datar de 2005. Um trio composto por Fernando Pessanha no piano, Pedro Reis no baixo e João Melro na bateria, numa fusão de jazz/rock com elementos clássicos/minimalistas, que pela sua sonoridade calma, mas ao mesmo tempo forte e penetrante, cativou-me “à primeira vista”, e continua a deliciar-me a cada nota tocada…
Espero, em breve, ter finalmente a oportunidade e o privilégio de os ver a tocar ao vivo, e tenho a certeza de que será um momento mágico.
Recomendo, vivamente, que “experienciem” este som!





Próximas datas:

06 Fevereiro 2010 – 17:00 – Fnac - Algarve Shopping – Guia
26 Fevereiro 2010 – 23:00 – Nordik Bar – Faro

24 de janeiro de 2010

Peace


"Peace is not a permanent state. It exists in moments, fleeing, gone before we even knew it was there. We can experience it at any time, in the stranger’s act of kindness, a task that requires a complete focus, or simply a comfort of an old routine. Every day we all experience these moments in peace, the trick is to know when they are happening so that we can embrace them, live in them. And finally let them go."

23 de janeiro de 2010

Dias Tranquilos em Clichy



"Há hotéis nas travessas que são acesso ao boulevard cuja fealdade é tão sinistra que estremecemos só de pensar em lá entrar; porém, é inevitável que um dia acabemos por lá passar uma noite; talvez até uma semana, ou um mês. Podemos mesmo afeiçoar-nos tanto ao sítio onde ficámos que acabamos por descobrir que toda a nossa vida se modificou e o que considerávamos sórdido, esquálido,pobre, se tornou encantador, delicado e belo."


"É estranho como podemos chafurdar na lama e pensar que estamos em casa."

20 de janeiro de 2010

Pequenos Mundos do Edifício Yacoubian


"Acordavam a meio da manhã e apreciavam o facto de não terem nada para fazer e poderem entregar-se à preguiça, comer nos melhores restaurantes, ver filmes no cinema e fazer compras. No final da noite iam juntos para a cama e, depois de satisfazerem os corpos, deitavam-se nos braços um do outro à luz fraca do candeeiro, por vezes conversando até amanhecer..."

5 de janeiro de 2010


"Decerto, sou uma floresta de árvores escuras e de trevas; mas aquele que não tiver medo da minha sombra descobrirá roseirais debaixo dos meus ciprestes."
Friedrich Nietzsche

Green God

Trazia consigo a graça das fontes, quando anoitece. Era o corpo como um rio em sereno desafio com as margens, quando desce. Andava co...